Estavam duas pernas,
em cima de três pernas,
à frente de quatro pernas,
roendo numa perna.
Veio de lá um quatro pernas
e roubou-lhe a perna
Nisto o duas pernas
pega no três pernas
e atira acima do quatro pernas
o quatro pernas com o susto
largou a perna
o duas pernas apanhou a perna
voltou a sentar-se
em cima do três pernas
à frente do quatro pernas
roendo na mesma perna
"Tudo que se passa no onde vivemos é em nós que se passa. Tudo que cessa no que vemos é em nós que cessa." Fernando Pessoa
quarta-feira, 30 de março de 2011
terça-feira, 29 de março de 2011
Fina flor, linda cabeleira
de cor púrpura pintada
de branco polén salpicada
viva cor da natureza
Onde havia de nascer
planta de tamanha nobreza
num barranco, num baldio
o simples mortal a despreza
É brava e forte
mas tem por sina o corte
nos meses de S. João
por grossa e rude mão
Leite morno do meu gado
com uma pitada de sal
serás primeiro coalhada
depois queijo do Maioral
de cor púrpura pintada
de branco polén salpicada
viva cor da natureza
Onde havia de nascer
planta de tamanha nobreza
num barranco, num baldio
o simples mortal a despreza
É brava e forte
mas tem por sina o corte
nos meses de S. João
por grossa e rude mão
Leite morno do meu gado
com uma pitada de sal
serás primeiro coalhada
depois queijo do Maioral
segunda-feira, 28 de março de 2011
JÁ LÁ VÊM NO ALTO MAR
Lá no meio daquele mar
Oiço eu grandes gemidos
São os tristes marinheiros
Quando se, vêm perdidos
Alto
Já lá vêm no alto mar
Coro
E são da nossa bandeira
Os homens que vão à guerra
São heróis, a vida inteira
Alto
São herois a vida inteira
Coro
Trazem cabos a mandar
E são da nossa bandeira
Já lá vêm, no alto mar
sábado, 26 de março de 2011
BELA INFANTA
'Stando a Bela Infanta
No seu jardim assentada
C'um pente de oiro fino
seus cabelos penteava
Deitou os olhos ao mar
Viu vir uma nobre armada
Capitão que nela vinha
muito bem a governava.
"- Diz-me tu ó capitão
dessa tua nobre armada
se vistes meu marido
que na tera de Deus pisava?"
"- Dizei-me pois senhora,
as senhas que ele levava."
"- Levava cavalo branco,
selim de prata dourada,
e na ponta da sua lança,
a cruz de Cristo gravada."
"- Pelas senhas que me deste
lá o vi numa estacada
morreu de morte valente,
eu a sua morte vingava."
"- Ai triste de mim viúva,
Ai triste de mim coitada,
com três filhinhas que tenho
sem nenhuma ser casada."
"- Que darias tu senhora
a que no trouxera aqui?"
"As telhas do meu telhado
que são de oiro e marfim."
"- As telhas do teu telhado
não nas quero para mim,
que darias mais senhora
a quem no trouxera aqui?"
"- Os três moinhos que tenho
os três tos dava a ti
um moi cravo e canela
outro moi gerzelim
rica farinha que fazem
tomara-os el Rei para si."
"- Os teus moinhos senhora
não os quero para mim,
que darias mais senhora
a quem no trouxera aqui?"
"- As três filhas que tenho
as três te dava a ti
uma para te calçar
uma para te vestir
e a mais bonita de todas
para contigo dormir."
"-As tuas filhas senhora
não são damas para mim
dá-me outra coisa senhora
se queres que o traga aqui?"
"- Não tenho mais para dar
Nem tu que me pedir."
"- Tudo não senhora minha
qu'inda não te deste a ti."
"- Cavaleiro que tal pede
tão vilão é de si
por meus irmãos arrastado
o farei andar por aí
ao rabo do meu cavalo
à roda do meu jardim.
Vassalos, os meus vassalos
acudi-me agora aqui!"
"- Este anel de sete pedras
que contigo reparti...
onde está a outra metade?
a minha vê-la aqui..."
"Tantos anos que chorei
tantos sustos que tremi
Deus te perdoe marido
Que me ias matando aqui..."
No seu jardim assentada
C'um pente de oiro fino
seus cabelos penteava
Deitou os olhos ao mar
Viu vir uma nobre armada
Capitão que nela vinha
muito bem a governava.
"- Diz-me tu ó capitão
dessa tua nobre armada
se vistes meu marido
que na tera de Deus pisava?"
"- Dizei-me pois senhora,
as senhas que ele levava."
"- Levava cavalo branco,
selim de prata dourada,
e na ponta da sua lança,
a cruz de Cristo gravada."
"- Pelas senhas que me deste
lá o vi numa estacada
morreu de morte valente,
eu a sua morte vingava."
"- Ai triste de mim viúva,
Ai triste de mim coitada,
com três filhinhas que tenho
sem nenhuma ser casada."
"- Que darias tu senhora
a que no trouxera aqui?"
"As telhas do meu telhado
que são de oiro e marfim."
"- As telhas do teu telhado
não nas quero para mim,
que darias mais senhora
a quem no trouxera aqui?"
"- Os três moinhos que tenho
os três tos dava a ti
um moi cravo e canela
outro moi gerzelim
rica farinha que fazem
tomara-os el Rei para si."
"- Os teus moinhos senhora
não os quero para mim,
que darias mais senhora
a quem no trouxera aqui?"
"- As três filhas que tenho
as três te dava a ti
uma para te calçar
uma para te vestir
e a mais bonita de todas
para contigo dormir."
"-As tuas filhas senhora
não são damas para mim
dá-me outra coisa senhora
se queres que o traga aqui?"
"- Não tenho mais para dar
Nem tu que me pedir."
"- Tudo não senhora minha
qu'inda não te deste a ti."
"- Cavaleiro que tal pede
tão vilão é de si
por meus irmãos arrastado
o farei andar por aí
ao rabo do meu cavalo
à roda do meu jardim.
Vassalos, os meus vassalos
acudi-me agora aqui!"
"- Este anel de sete pedras
que contigo reparti...
onde está a outra metade?
a minha vê-la aqui..."
"Tantos anos que chorei
tantos sustos que tremi
Deus te perdoe marido
Que me ias matando aqui..."
sexta-feira, 25 de março de 2011
O PORTUGAL DE 1871 VERSUS PORTUGAL DE 2011
Eça de Queiroz, escrevia assim em Junho 1871:
"Leitor de bom senso, que abres curiosamente a primeira página deste livrinho, sabe, leitor celibatário ou casado, proprietário ou produtor, conservador ou revolucionário, velho patuleia ou legitimista hostil, que foi para ti que ele foi escrito – se tens bom senso! E a ideia de te dar assim todos os meses, enquanto quiseres, cem páginas irónicas, alegres e justas, nasceu no dia em que pudemos descobrir, através da ilusão das aparências, algumas realidades do nosso tempo,
Aproxima-te um pouco de nós, e vê.
O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia.
Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual, intelectual, parado. O tédio invadiu as almas. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce... O comércio definha, A indústria enfraquece. O salário diminui.
A renda diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.(...)"
quinta-feira, 24 de março de 2011
A AVENIDA E OS SAPATOS
De sapato novo, vai p´ro trabalho
Isabel pela Avenida,
Vai (na) calçada, mas arrependida...
Leva na cabeça o pensamento
No caminho que tomou
Vai passar por um tormento
Onde a calçada faltou
Os sapatos que comprou
Já lhe causam sofrimento
Vai coxeando na Avenida
Parece, mas não têm
A unha do dedo comprida.
Mas eis que pára e atina
Com a pedra no sapato
Já lhe fez um buraco
Na meia de seda fina
"Que porra de sorte a minha
agora é que estou fodida..."
Vai (na) calçada , mas arrependida...
sábado, 19 de março de 2011
A PRETO E BRANCO...
Nem tudo são más noticias....
O preço dos combustíveis tem-me obrigado a fazer uma caminhada matinal de cerca de 800m até à escola do meu filho...
Também já foi minha, mas agora é a escola dele...
Estas caminhadas fazem-nos humanos, aprendemos a perder tempo com os nossos filhos...
Pois é, até nos lembramos como éramos na idade deles, e se formos a ver a diferença não é assim muita....
A diferença nota-se sobretudo que no meu tempo, nós aos magotes, preenchiamos as ruas da aldeia, hoje qualquer pai cuidadoso, vai levar o seu filho à porta da escola, privando-o da capacidade de ser imaginativo, desenrascado e construtivo...
Mas, numa destas caminhadas,o meu filho perguntou-me:
"- Mãe, quando tu eras do meu tamanho, vias as coisas a preto e branco?"
" - A preto e branco filho?"
"- Sim o Miguel disse, que quando, tu e a mãe dele eram do nosso tamanho, vocês viam a preto e branco..."
"- Não filho, o mundo era muito mais colorido..."
....
O preço dos combustíveis tem-me obrigado a fazer uma caminhada matinal de cerca de 800m até à escola do meu filho...
Também já foi minha, mas agora é a escola dele...
Estas caminhadas fazem-nos humanos, aprendemos a perder tempo com os nossos filhos...
Pois é, até nos lembramos como éramos na idade deles, e se formos a ver a diferença não é assim muita....
A diferença nota-se sobretudo que no meu tempo, nós aos magotes, preenchiamos as ruas da aldeia, hoje qualquer pai cuidadoso, vai levar o seu filho à porta da escola, privando-o da capacidade de ser imaginativo, desenrascado e construtivo...
Mas, numa destas caminhadas,o meu filho perguntou-me:
"- Mãe, quando tu eras do meu tamanho, vias as coisas a preto e branco?"
" - A preto e branco filho?"
"- Sim o Miguel disse, que quando, tu e a mãe dele eram do nosso tamanho, vocês viam a preto e branco..."
"- Não filho, o mundo era muito mais colorido..."
....
domingo, 13 de março de 2011
BONITAS?... BONITAS SÃO AS BONITAS ACÇÕES!
Dona Izabel Maria
desculpe a minha ousadia
quero consigo falar
não é nenhum elogio
eu com isto faço brio
se quiser acreditar
O seu menino e a sua menina
Dona Izabel Maria
Não se aborreça me mim
porque eu fui, e sou assim
tenho por você muito respeito
eu não gosto de aborrecer
mas só quero agradecer
pelo aquilo que me têm feito
Francisco Manuel Branco
desculpe a minha ousadia
quero consigo falar
não é nenhum elogio
eu com isto faço brio
se quiser acreditar
O seu menino e a sua menina
são de uma pureza tão fina
são os dois um primor
dado pela natureza
é verdade concerteza
é fruto do seu amor
Que nada lhe aconteça de mal
isso é fundamental
digo sem hipocrisia
Deus lhe dê muita saúde
é esta a minha atitudeDona Izabel Maria
Não se aborreça me mim
porque eu fui, e sou assim
tenho por você muito respeito
eu não gosto de aborrecer
mas só quero agradecer
pelo aquilo que me têm feito
Francisco Manuel Branco
sábado, 12 de março de 2011
PORQUE AS MÃES DEIXAM SEMPRE SAUDADES...
Há alturas na vida em que as palavras sobejam.
Na hora de encarar um amigo que perdeu alguem e que esse alguem é também tudo, as palavras mesmo as de conforto parecem-me sempre sem sentido.
É que nada faz sentido nestas horas.
Hoje, um amigo, perdeu a mãe.
Ficou a saudade!
Na hora de encarar um amigo que perdeu alguem e que esse alguem é também tudo, as palavras mesmo as de conforto parecem-me sempre sem sentido.
É que nada faz sentido nestas horas.
Hoje, um amigo, perdeu a mãe.
Ficou a saudade!
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