segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O CANTE AO MENINO I I

A neve já está bem perto
Daquela alta montanha
Virgem Maria é Mãe
São José a acompanha

São José a acompanha
Acompanha o Deus Menino
Virgem Maria é Mãe
São José é o Padrinho

Nossa Senhora lavava
E São José estendia
O Menino Jesus chorava
Com o frio que fazia

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O CANTE AO MENINO I

Que ei de dar a Deus Menino
Nesta noite de Natal
Camisinha de veludo
Botanitos de Cristal

Entrai pastorinhos, entrai
Por este portal sagrado
vinde ver a Deus Menino
Que 'sta nas palhinhas deitado

Ai ai li, ai li, ai lei
Menino nascido ei

Sou cigana do Egipto
o meus destino é roubar
vim roubar a Deus Menino
pr'a minha alma se salvar

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

FESTAS EM HONRA DE N. SRA. DA CONCEIÇÃO - SALVADA 2011



PROGRAMA
 
Sábado - 3 de Dezembro:
22:00H- Baile com Ruben Baião

Domingo - 4 de Dezembro:
15:00H- Apanha do leitão e malhas (Casa do Povo)

Segunda - 5 de Dezembro
21:00H- Terço em honra de Nª Srª da Conceição

Terça - 6 de Dezembro
21:00H- Terço em honra de Nª Srª da Conceição
22:00H- Noite de tunas

Quarta - 7 de Dezembro
20:00H- Procissão de velas em honra de Nª Srª da Conceição
22:00H- Baile com a banda "Sem Limite"

Quinta - 8 de Dezembro
08:00H- Alvorada com salva de morteiros
15:00H- Procissão em honra de Nª Srª da Conceição, acompanhada pela banda filarmónica "Os Amarelos de Moura"
22:00H- Actuação de "BANDALUSA"
00:00H- Grandioso Fogo de Artificio
 
 
UM AGRADECIMENTO ESPECIAL À COMISSÃO DE FESTAS 2011 PELO SEU TRABALHO!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

JOSÉ RÉGIO - SONETO QUASE INÉDITO...


.../...

Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.


Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Documento da GNR que relata a morte de Catarina Eufémia


http://da.ambaal.pt/noticias/?id=959




Já há algum tempo que aqui não vinha
...
Na vida há tempo p'ra tudo,
Para ganhar e perder
Para rir e chorar
Para lutar
...
Para ser filósofo
E para ser bruto!

Tenho estado no meu estado de bruteza.
Por isso não tenho vindo aqui...

Nos dias que passam, a bruteza impera...
...
Depois, vi Catarina e lembrei-me
Que os brutos também têm sonhos:
Pão, Trabalho e Paz!

 

quarta-feira, 20 de abril de 2011

MANTENDO A TRADIÇÃO - BAILE DA PINHA 2011

SÁBADO DIA 23 DE ABRIL 2011
22:00 HORAS - CINE MONUMENTAL

CONJUNTO MUSICAL SEM LIMITE

ORGANIZAÇÃO DO C. D. R. SALVADENSE

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Podia ser o Fernando Nobre, mas não é...

Estava passando
Mas como passou, quem passou
Já não passou
Se não tivesse passado, quem passou
Ele passava
Mas assim, como passou quem passou
Já não passou.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

VIVA A LIBERDADE DE OPINIÃO

A RTP abençoou-nos por estes dias com uma reportagem sobre a Crise, na cidade de Beja, onde alguns empresários, bejenses e com trabalhadores da sua terra, desabafavam, culpando unicamente a crise, pelo estado a que chegou o comércio em Beja. Casas com nome, casas, algumas delas quase património da cidade, que têm fechado as portas, primeiro para dar lugar às lojas chinesas e ultimamente ... apenas para fechar a porta. A reportagem é triste, não favorece a cidade, mas infelizmente retrata a nossa realidade. Se gostei da reportagem? Não não gostei, não gostei! No entanto é a verdade, e a verdade às vezes doi, e não é por isso que deixa de ser menos verdade...
Agora é irónico, que um Vereador desta cidade, jovem, por sinal, eleito na chegada da nova democracia a Beja, comente, no facebook, assim esta reportagem:

Miguel Góis Que tristeza de reportagem. Uma VERGONHA. Péssimo jornalismo! PÉSSIMO.
Miguel Góis A RTP já deverá estar quase a receber uma cartinha e essa Jornalista também.

terça-feira, 5 de abril de 2011

VERSOS DO CABREIRO I


Lá no serro d' Amétade
Minhas cabras lá dexi
Ainda que perca os céfões
Amor vim te ver aqui!

Meu amor por mor de mim
não deixes o gado só
que eu não sou flor de jardim
nem rosa de Jericó

Oh, oh, oh
Eu sou tou à espera, que tu caias
Em cá caíndes, ades comer
como eu como,
ades varrer como eu varro,
ades fazes cordelinhos,
embarbilhar os chibinhos
e até vás lavar o tarro!

Ai meu amor, mas eu não gosto de leite cru!

Pois bem no pode ir aquecer
e se não o quiser comer
meta com ele no cu!...

sábado, 2 de abril de 2011

A ARVEOLA E O CARAMELO

Estava uma "arvela" a saltitar loucamente numa poça que o frio da noite transformou em gelo, conhecido nestas bandas por "caramelo". Tanto saltitou, que escorregou e partiu uma das suas delicadinhas pernitas. Lamentou-se chorando pelo seu desatino e pela fraqueza do seu corpito:


-Ai valente és tu caramelo, que a minha perninha partiste!
- Mais valente é o sol que me derrega!- respondeu o caramelo.
- Ai valente és tu sol, que derregas o caramelo, que a minha perninha partiu!
- Mais valente é a nuvem que me tapa!
- Ai valente é tu nuvem, que tapas o sol, que derrete o caramelo, que a minha perninha partiu!
- Mais valente é o vento que me leva!
-Ai valente és vento que levas a nuvem, que tapa o sol, que derrete o caramelo, que a minha perninha partiu!
- Mais valente é a parede que me "empara"!
- Ai valente és tu parede, que "emparas" o vento, que leva a nuvem, que tapa o sol, que derrete o caramelo, que a minha perninha partiu!
- Mais valente é o rato que me fura!
- Ai valente és tu rato que furas a parede que "empara" o vento, que leva a  nuvem, que tapa o sol, que derrete o caramelo, que a minha perninha partiu!
- Mais valente é o gato que me come!
- Ai valente és tu gato, que comes o rato, que fura a parede que "empara" o vento, que leva a nuvem, que tapa o sol, que derrete o caramelo, que a minha perninha partiu!
- Mais valente é o cão que me mata!
- Ai valente és tu cão que matas o gato, que come o rato que fura a parede que "empara" o vento, que leva a nuvem, que tapa o sol, que derrete o caramelo, que a minha perninha partiu!
- Mais valente é o pau que me bate!
- Ai valente és tu pau, que bates no cão, que mata o gato, que come o rato que furas a parede que "empara" o vento, que leva a nuvem, que tapa o sol, que derrete o caramelo, que a minha perninha partiu
- Mais valente é o lume que me queima!
- Ai valente és tu lume que queimas o pau, que bate no cão, que mata o gato, que come o rato que fura a parede que "empara" o vento, que leva a nuvem, que tapa o sol, que derrete o caramelo, que a minha perninha partiu!
- Mais valente é a água que me apaga!
- Ai valente és tu água, que apagas o lume que queimas o pau, que bate no cão, que mata o gato, que come o rato que fura a parede que "empara" o vento, que leva a nuvem, que tapa o sol, que derrete o caramelo, que a minha perninha partiu!
- Mais valente é o boi que me bebe!
- Ai valente és tu boi que bebes a água, que apaga o lume, que queima o pau, que bate no cão, que mata o gato, que come o rato que fura a parede que "empara" o vento, que leva a nuvem, que tapa o sol, que derrete o caramelo, que a minha perninha partiu!
- Mais valente é o homem que me mata!
- Ai valente és tu homem que matas o boi, que bebe a água, que apaga o lume, que queima o pau, que bate no cão, que mata o gato, que come o rato que fura a parede que "empara" o vento, que leva a nuvem, que tapa o sol, que derrete o caramelo, que a minha perninha partiu!
-Mais valente é Deus, que nos criou!
- Ai valente és tu Deus....
- Arvelinha, arvelinha...se tivesses juizo, não partias a perninha!




quarta-feira, 30 de março de 2011

UMA ADIVINHA COM PERNAS PARA ANDAR

Estavam duas pernas,
em cima de três pernas,
à frente de quatro pernas,
roendo numa perna.
Veio de lá um quatro pernas
e roubou-lhe a perna
Nisto o duas pernas
pega no três pernas
e atira acima do quatro pernas
o quatro pernas com o susto
largou a perna
o duas pernas apanhou a perna
voltou a sentar-se
em cima do três pernas
à frente do quatro pernas
roendo na mesma perna

terça-feira, 29 de março de 2011

Fina flor, linda cabeleira
de cor púrpura pintada
de branco polén salpicada
viva cor da natureza


Onde havia de nascer
planta de tamanha nobreza
num barranco, num baldio
o simples mortal a despreza

É brava e forte
mas tem por sina o corte
nos meses de S. João
por grossa e rude mão

Leite morno do meu gado
com uma pitada de sal
serás primeiro coalhada
depois queijo do Maioral

segunda-feira, 28 de março de 2011

JÁ LÁ VÊM NO ALTO MAR

Ponto

Lá no meio daquele mar
Oiço eu grandes gemidos
São os tristes marinheiros
Quando se, vêm perdidos

Alto
Já lá vêm no alto mar

Coro
E são da nossa bandeira
Os homens que vão à guerra
São heróis, a vida inteira

Alto
São herois a vida inteira

Coro
Trazem cabos a mandar
E são da nossa bandeira
Já lá vêm, no alto mar

sábado, 26 de março de 2011

BELA INFANTA

'Stando a Bela Infanta
No seu jardim assentada
C'um pente de oiro fino
seus cabelos penteava
Deitou os olhos ao mar
Viu vir uma nobre armada
Capitão que nela vinha
muito bem a governava.
"- Diz-me tu ó capitão
dessa tua nobre armada
se vistes meu marido
que na tera de Deus pisava?"
"- Dizei-me pois senhora,
as senhas que ele levava."
"- Levava cavalo branco,
selim de prata dourada,
e na ponta da sua lança,
a cruz de Cristo gravada."
"- Pelas senhas que me deste
lá o vi numa estacada
morreu de morte valente,
eu a sua morte vingava."
"- Ai triste de mim viúva,
Ai triste de mim coitada,
com três filhinhas que tenho
sem nenhuma ser casada."
"- Que darias tu senhora
a que no trouxera aqui?"
"As telhas do meu telhado
que são de oiro e marfim."
"- As telhas do teu telhado
não nas quero para mim,
que darias mais senhora
a quem no trouxera aqui?"
"- Os três moinhos que tenho
os três tos dava a ti
um moi cravo e canela
outro moi gerzelim
rica farinha que fazem
tomara-os el Rei para si."
"- Os teus moinhos senhora
não os quero para mim,
que darias mais senhora
a quem no trouxera aqui?"
"- As três filhas que tenho
as três te dava a ti
uma para te calçar
uma para te vestir
e a mais bonita de todas
para contigo dormir."
"-As tuas filhas senhora
não são damas para mim
dá-me outra coisa senhora
se queres que o traga aqui?"
"- Não tenho mais para dar
Nem tu que me pedir."
"- Tudo não senhora minha
qu'inda não te deste a ti."
"- Cavaleiro que tal pede
tão vilão é de si
por meus irmãos arrastado
o farei andar por aí
ao rabo do meu cavalo
à roda do meu jardim.
Vassalos, os meus vassalos
acudi-me agora aqui!"
"- Este anel de sete pedras
que contigo reparti...
onde está a outra metade?
a minha vê-la aqui..."
"Tantos anos que chorei
tantos sustos que tremi
Deus te perdoe marido
Que me ias matando aqui..."

sexta-feira, 25 de março de 2011

O PORTUGAL DE 1871 VERSUS PORTUGAL DE 2011

Eça de Queiroz, escrevia assim em Junho 1871:

"Leitor de bom senso, que abres curiosamente a primeira página deste livrinho, sabe, leitor celibatário ou casado, proprietário ou produtor, conservador ou revolucionário, velho patuleia ou legitimista hostil, que foi para ti que ele foi escrito – se tens bom senso! E a ideia de te dar assim todos os meses, enquanto quiseres, cem páginas irónicas, alegres e justas, nasceu no dia em que pudemos descobrir, através da ilusão das aparências, algumas realidades do nosso tempo,
Aproxima-te um pouco de nós, e vê.
O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia.
Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual, intelectual, parado. O tédio invadiu as almas. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce... O comércio definha, A indústria enfraquece. O salário diminui.
A renda diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.(...)"

quinta-feira, 24 de março de 2011

A AVENIDA E OS SAPATOS

De sapato novo, vai p´ro trabalho
Isabel pela Avenida,
Vai (na) calçada, mas arrependida...

Leva na cabeça o pensamento
No caminho que tomou
Vai passar por um tormento
Onde a calçada faltou
Os sapatos que comprou
Já lhe causam sofrimento
Vai coxeando na Avenida
Parece, mas não têm
A unha do dedo comprida.


Mas eis que pára e atina
Com a pedra no sapato
Já lhe fez um buraco
Na meia de seda fina
"Que porra de sorte a minha
agora é que estou fodida..."
Vai (na) calçada , mas arrependida...

sábado, 19 de março de 2011

A PRETO E BRANCO...

Nem tudo são más noticias....
O preço dos combustíveis tem-me obrigado a fazer uma caminhada matinal de cerca de 800m até à escola do meu filho...
Também já foi minha, mas agora é a escola dele...
Estas caminhadas fazem-nos humanos, aprendemos a perder tempo com os nossos filhos...
Pois é, até nos lembramos como éramos na idade deles, e se formos a ver a diferença não é assim muita....
A diferença nota-se sobretudo que no meu tempo, nós aos magotes, preenchiamos as ruas da aldeia, hoje qualquer pai cuidadoso, vai levar o seu filho à porta da escola, privando-o da capacidade de ser imaginativo, desenrascado e construtivo...
Mas, numa destas caminhadas,o meu filho perguntou-me:
"- Mãe, quando tu eras do meu tamanho, vias as coisas a preto e branco?"
" - A preto e branco filho?"
"- Sim o Miguel disse, que quando, tu e a mãe dele eram do nosso tamanho, vocês viam a preto e branco..."
"- Não filho, o mundo era muito mais colorido..."
....

domingo, 13 de março de 2011

BONITAS?... BONITAS SÃO AS BONITAS ACÇÕES!

Dona Izabel Maria
desculpe a minha ousadia
quero consigo falar
não é nenhum elogio
eu com isto faço brio
se quiser acreditar

O seu menino e a sua menina
são de uma pureza tão fina
são os dois um primor
dado pela natureza
é verdade concerteza
é fruto do seu amor

Que nada lhe aconteça de mal
isso é fundamental
digo sem hipocrisia
Deus lhe dê muita saúde
é esta a minha atitude
Dona Izabel Maria

Não se aborreça me mim
porque eu fui, e sou assim
tenho por você muito respeito
eu não gosto de aborrecer
mas só quero agradecer
pelo aquilo que me têm feito

Francisco Manuel Branco

sábado, 12 de março de 2011

PORQUE AS MÃES DEIXAM SEMPRE SAUDADES...

Há alturas na vida em que as palavras sobejam.
Na hora de encarar um amigo que perdeu alguem e que esse alguem é também tudo, as palavras mesmo as de conforto parecem-me sempre sem sentido.
É que nada faz sentido nestas horas.
Hoje, um amigo, perdeu a mãe.
Ficou a saudade!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O CALDINHO DE ALFACE DA MINHA TIA MARIANA

Hoje falo dos velhos, que também já foram novos, embora não pareça. Hoje falo dos velhos, de alguns velhos, da minha vida. Sim porque os velhos, que já foram novos, e que agora são velhos, por culpa do tempo, fizeram de mim uma boa pessoa, não demasiado boa, evito sempre ser uma boa pessoa, porque as pessoas boas fogem da nossa convivência demasiado cedo, como os velhos da minha vida. E os velhos são inconvenientes por causa disto, fogem da nossa convivência, deixando o peso do mundo e das responsabilidades sobre os nossos ombros, é típico deles, é uma coisa irritante. E quando precisamos de um conselho, que aliás eles já nos tinha dado, mas nós nem percebemos, já não estão por perto. E é nessa altura que sentimos a falta que eles nos fazem, os nossos velhos. É nessa altura que sentimos falta das histórias, das suas histórias, dos conselhos em jeito de reprimenda, do seu saber e do seu carinho. É que ao contrário desta gente que acha que ainda é nova, os nossos velhos têm sempre tempo para nós, estão sempre à nossa espera, é incrível, é só meter a mão ao postigo para abrir a porta - porque as portas dos velhos estão sempre abertas para quem vêm (às vezes demais) - que lá estão eles(elas), com se nos esperassem há uma eternidade, prontos para receber um abraço, e partilharem o que têm, a sua velhice e o tempo que lhes sobra, connosco.
Mas por um destes dias, até fui uma boa pessoa. Entrei numa casinha humilde de uma das minha velhinhas, e ela lá estava à minha espera, com se adivinhasse a minha chegada, no lume tinha um tachinho, que não levava mais de meio litro de água, onde bailavam uma posta de raia e um ovo, entrelaçados a pequenas tiras de alface e uma fininhas rodelas de batata, aquelas comidas que só os velhos sabem fazer, e disse-me: "Hoje comes com a tia..."; Nem me deu tempo de ripostar, entre a habitual conversa, coisas que são importantes na vida dos velhos, como seja, o nosso bem estar, deitou mais um poucochinho de água e umas pedrinhas de sal, migamos umas sopinhas, repartimos a pequena posta de peixe e o ovos e eu... almocei com a minha tia Mariana, um caldinho de alface.
Garanto que me alimentou, o corpo e a alma....
E fiquei contente, porque ainda tenho alguns velhos na minha vida!

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Comboios de Mel, na Suiça...


A ferrovia suiça enfrenta presentemente um problema que cá na nossa terrinha não existe. Apesar do acentuado relevo de quase todo o país (situado no coração dos Alpes), a Suiça tem um sistema ferroviário bastante completo, eficiente, popular e relativamente barato. Mas o crescente apelo a que as pessoas utilizem cada vez menos o automóvel particular e cada vez mais o comboio por lá tem mesmo tido eco. E o resultado é que, nos últimos anos, os valores relativos ao tráfego de passageiros ultrapassaram todas as expetativas mais otimistas. Este é o "problema" com que se defronta agora a ferrovia suiça: há passageiros a mais, o que está a criar alguns pontos de estrangulamento na rede ferroviária... (por cá, os utentes do comboio têm diminuído...).

Como na Suiça as previsões apontam para a continuação desta tendência de subida do volume do tráfego de passageiros, os suiços já começaram a tomar medidas para incrementar a oferta ferroviária (que já era muito boa). Em cima da mesa estão planos concretos e não apenas "visões estratégicas", tendo sido agora lançado o plano "Rail 2030", que vai começar a ser implementado já a partir de 2011, com um investimento de cerca de 5,4 mil milhões de francos suiços (o correspondente a cerca de 3,7 mil milhões de euros). Esse plano destina-se apenas e tão-só a complementar um outro plano, atualmente já em execução, de desenvolvimento da infra-estrutura ferroviária suiça. Já daqui a 4 meses (Junho de 2010) será introduzido um número significativo de comboios de dois pisos, para responder de imediato ao aumento da procura.

Previstas para os próximos anos estão também obras de fundo na rede já existente, o que será, contudo, feito sem qualquer interrupção na circulação ferroviária, ao contrário do que frequentemente sucede na nossa terrinha (onde várias linhas estão neste momento encerradas para obras e outras estão prestes a encerrar pelo mesmo motivo - como a de Évora e Beja).

A Suiça tem uma rede ferroviária de mais de 3 600 km. É pouco maior do que aquela que Portugal tinha antes da febre de encerramentos dos governos de Cavaco Silva (3 580 km). Atualmente, a nossa rede está reduzida a cerca de 2 700 km (e, ainda assim, com várias linhas temporariamente fechadas). Mesmo assim, nestas contas falta um dado importante: é que Portugal tem mais do dobro do tamanho da Suiça e um relevo muito menos acentuado... [e enquanto Portugal já tem mais quilómetros de auto-estrada do que de ferrovia - sem contar com as centenas de quilómetros de nova auto-estrada em construção -, os quilómetros de auto-estrada na Suiça não chegam nem a metade da rede ferroviária...]

Não nos desviemos, no entanto, do essencial deste artigo, que é o de salientar que os suiços têm neste momento um problema na ferrovia que nós por cá não temos. Andam muito de comboio. É o que dá serem ricos.
Fonte: anossaterrinha.blogspot.com

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Memórias do Barranquinho



Já lavei no barranco
de joelhos no chão
a água não era fria
e corria livremente
por entre os dedos da mão

Cada mulher tinha lugar
numa pedra negra e fria
e ali agachada
ficava até estar lavada
a roupa que trazia

Alguidares à cabeça
cheia de roupa lavada
o corpo estremecia
quando o barranco subia
porque a carga era pesada

No estendouro ficava
sem olhar à posição
o mais fino dos panos
uma camisa de linho
ou o trapo do chão

Esse tempo já passou
apertaram o barranquinho
mas ele lá vai correndo
às vezes demais em chovendo
seguindo o seu caminho

E as mulheres que lavavam
De joelhos no chão
encontrei-as a rezar
pr'as dores da alma aliviar,
nessa mesma posição!

Isabel

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

PROPOSTA DE FORNECIMENTO DE REFEIÇÕES AOS JARDINS DE INFÂNCIA E EB1 DO CONCELHO DE BEJA

Afim de ajudar na contenção de despesas do nosso Município, e após aconselhamento com vários economicistas, perdão, nutricionistas, venho propor esta ementa ao Exm.º Presidente e Vereadores.
De salientar que esta é uma ementa de Inverno, onde foi omitida a açorda porque a água que o EMAS nos cobra está muito cara.

Ementa Semanal

Para Todas As Semanas Do Ano

Jardim Infância/EB1
Sopa: Sopa  de Tengarrinhas
Prato: Figos Secos com Pão da Véspera
Prato Dieta: Figos Secos
Sobremesa: Laranja  da Horta de Cima

Jardim Infância/EB1
Sopa: Sopa de Cogumelos Bravos
Prato: Pão com azeitonas pretas e verdeais
Prato Dieta: Azeitonas verdeais
Sobremesa: Laranja da Horta do Meio


Jardim Infância/EB1
Sopa: Massinha  de Hortelã
Prato: Massinha
Prato Dieta: A Hortelã da Massinha
Sobremesa: Laranja  da Quinta

Jardim Infância/EB1
Sopa: : Sopa de Catacuzes
Prato: 1/2 sardinha para  quatro
Prato O que sobrar da sardinha
Sobremesa:: Laranja da Horta de Baixo
Jardim Infância/EB1
Sopa: —————————-
Prato: Papas de farinha com pão frito
Prato Dieta: Papas de Farelos
Sobremesa: Sobras das Papas de farinha com açúcar amarelo


A Salada será de agrião e martruços, enquanto correr a água nos barrancos.










sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Nomes Próprios

"...Já morreste, Bemfeito,
Cá me deixas com Prazer e Alegria!
Mas o que mais me custa, é morreres
sem do Cagalhão provares uma fatia.
Deixa que ainda cá fica Três Peidos,
para benefício da tua alma..."

Bemfeito - o nome do marido
Prazer e Alegria - os nomes das filhas
Cagalhão - o nome do porco
Três Peidos - o nome do Burro, que havia de vender para mandar rezar pela alma do marido

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Memórias do Químboio...

Houve em tempos em Baleizão uma senhora de seu nome Francisca, mas conhecida por todos por Chica Pêda, e que tinha obviamente algumas dificuldades em reconhecer os nomes dalgumas novidades tecnológicas da sua época. As moças no trabalho gostavam da a ouvir no seu atropelo à palavras e conta-se que quando lhe perguntavam como haveria ela de chegar à casa da sua filha Maria que migrara para Lisboa, ela respondia na sua ingénua alegria:

"... Atão filhas, daqui p'ra Beja, vou a pei; Em chigando ali à stação, monto-me no químboio; Em chigando ao Barrêro monto-me no químboio do mare, chego ao terreno do pássro, meto-me num traque, vai-me por à porta da minha Maria..."

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

ÀS VEZES OIÇO DIZER: "ISTO É TUDO UMA MERDA!"

Este foi uma exposição dos lavradores do Baixo Alentejo ao então Ministro da Agricultura do Governo do Estado Novo, Leovigildo Queimado Franco de Sousa(Soisa), como forma de pedir adubos. E parafraseando algo que muito tenho ouvido nos últimos tempos, porque a voz do povo é a voz de Deus, aqui fica para deleite dos leitores esta verdadeira obra prima de escárnio e mal dizer, mas que diz tudo:


Porque julgamos digna de registo
a nossa exposição, senhor Ministro,
erguemos até vós, humildemente,
uma toada uníssona e plangente
em que evitámos o menor deslize
e em que damos razão da nossa crise.


Senhor: Em vão, esta província inteira,
desmoita, lavra, atalha a sementeira,
suando até à fralda da camisa.
Falta a matéria orgânica precisa
na terra, que é delgada e sempre fraca!
- A matéria, em questão, chama-se caca.



Precisamos de merda, senhor Soisa!…
E nunca precisámos de outra coisa.



Se os membros desse ilustre ministério
querem tomar o nosso caso a sério,
se é nobre o sentimento que os anima,
mandem cagar-nos toda a gente em cima
dos maninhos torrões de cada herdade.
E mijem-nos, também, por caridade!



O senhor Oliveira Salazar
quando tiver vontade de cagar
venha até nós solícito, calado,
busque um terreno que estiver lavrado,
deite as calças abaixo com sossego,
ajeite o cú bem apontado ao rego,
e… como Presidente do Conselho,
queira espremer-se até ficar vermelho!



A Nação confiou-lhe os seus destinos?…
Então, comprima, aperte os intestinos;
se lhe escapar um traque, não se importe,
… quem sabe se o cheirá-lo nos dá sorte?
Quantos porão as suas esperanças
n’um traque do Ministro das Finanças?…
E quem vier aflito, sem recursos,
Já não distingue os traques dos discursos.



Não precisa falar! Tenha a certeza
que a nossa maior fonte de riqueza,
desde as grandes herdades às courelas,
provém da merda que juntarmos n’elas.



Precisamos de merda, senhor Soisa!…
E nunca precisámos de outra coisa.



Adubos de potassa?… Cal?… Azote?…
Tragam-nos merda pura, do bispote!
E todos os penicos portugueses
durante, pelo menos uns seis meses,
sobre o montado, sobre a terra campa,
continuamente nos despejem trampa!



Terras alentejanas, terras nuas;
desespero de arados e charruas,
quem as compra ou arrenda ou quem as herda
sente a paixão nostálgica da merda…



Precisamos de merda, senhor Soisa!…
E nunca precisámos de outra coisa.



Ah!… Merda grossa e fina! Merda boa
das inúteis retretes de Lisboa!…
Como é triste saber que todos vós
Andais cagando sem pensar em nós!



Se querem fomentar a agricultura
mandem vir muita gente com soltura.
Nós daremos o trigo em larga escala,
pois até nos faz conta a merda rala.



Venham todas as merdas à vontade,
não faremos questão da qualidade.
Formas normais ou formas esquisitas!
E, desde o cagalhão às caganitas,
desde a pequena poia à grande bosta,
de tudo o que vier, a gente gosta.

Precisamos de merda, senhor Soisa!…
E nunca precisámos de outra coisa.


Pela Junta Corporativa dos Sindicatos Reunidos, do Norte, Centro e Sul do Alentejo
Évora, 13 de Fevereiro de 1934
O Presidente
D. Tancredo (O Lavrador)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

ÀS AVESSAS

Era uma vez,
um que era
e não era.
Estava lavrando na serra
Veio a notícia:
O Pai tinha morrido
e a mãe tinha nascido.
Pôs os bois às costas
e o arado a pastar.
Subiu por um barranco
abaixo,
achou um ninho de cartaxo
com três ovos de abetarda.
Deitou-os a uma burra parda
sairam três galgos.
Foi com os galgos à caça
passou por um meloal
disse-lhe o meloaleiro:
-Ah ladrão que te mato!
Atirou-lhe com um melão
e acertou-lhe com um pepino no artelho,
correu sangue até ao joelho!

FIM

E A GRANDE VENCEDORA É:

Sua Excelência Dona ABSTENÇÃO, com 52,4% dos votos.
Apoiada pelos seguintes partidos:
  • PCN - Partido dos Conformados Nacionais
  • MNPA - Movimento Nacional de Pessoas Apáticas
  • UND - União Nacional dos Dormentes

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A Ponte do Guadiana


Este versos foram feitos à data da construção da travessia ferroviária sobre o Guadiana, pela Companhia do Sueste, também conhecida por Companhia Inglesa. A ponte foi, pela primeira vez, atravessada por uma locomotiva em 22 de Março de 1878, tendo sido aberta ao serviço em 20 de Abril do mesmo ano, quando foi inaugurada a ligação à Estação de Serpa-Brinches, na Linha do Sueste (posteriormente renomeada para Ramal de Moura):


Graças a Deus que já temos
A ponte no Guadiana
Mas há-de cair p'ra semana
Que passou.
Esse mestre que a começou
Que viva mais de trinta vezes,
E todos esses ingleses que eu conheci.
Essa ponte que eu lá vi,
Qualquer ventinho a derruba
Está como a Vila da Cuba no cair
Se eu à ponte tornar a ir
P'ra melhor me acautelar
Está untada de alcatrão
P'ra escorregar
Mas se eu à ponte passar
Não considero a morte
Porque aquilo é a ponte mais forte
Que se fez
Disse-me mesmo um inglês
Na ponte do Guadiana
Que há muita coisa que embana
Mas não cai.
Mas se o vapor dela sai
que ninguém faça mangação
que vai parar à estação
da salsa.
Ó ponte se fores falsa
Ó ponte se falsa fores
Não pregues tu ó ponte
Com o vapor na peguia
Se o vapor vêm algum dia
E acha a ponte derrubada
Isso atão não custa nada
P'ra quem vem
Vai desembarcar a Mértola
Que é o mais certo que têm!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

HÁ ACONTECIMENTOS QUE SÃO PROFÉTICOS...

A Primeira Viagem de Comboio em Portugal





Foi há quase 155 anos que circulou o primeiro comboio em Portugal (28 de Outubro de 1856). Uma viagem pequena, de cerca de 37 quilómetros entre Lisboa e o Carregado. Foi também uma viagem atribulada, pelo menos a crer no relato que dela nos dá a Marquesa de Rio Maior.
Ao que parece, a máquina não tinha força para puxar todas as carruagens que lhe atrelaram e... largou algumas delas pelo caminho. Muitos convidados não terão chegado ao local da festa e tiverem de ser recolhidos em vários pontos do caminho.Supomos que seria desde logo um prenúncio do que haveria de acontecer ao intercidades de Beja no ano da graça de 2011.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Sermão de Sto António aos P(ortugueses)....


Ao Presidente da República...

Vós sois o sal da terra...
"O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem."

Ao Nosso (Des) Governo... 
 

Meu irmão, o Polvo...
"Mas já que estamos nas covas do mar, antes que saiamos delas, temos lá o irmão polvo, contra o qual têm suas queixas, e grandes, não menos que S. Basílio e Santo Ambrósio. O polvo com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela; com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão. E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa, testemunham constantemente os dois grandes Doutores da Igreja latina e grega, que o dito polvo é o maior traidor do mar. Consiste esta traição do polvo primeiramente em se vestir ou pintar das mesmas cores de todas aquelas cores a que está pegado. As cores, que no camaleão são gala, no polvo são malícia; as figuras, que em Proteu são fábula, no polvo são verdade e artifício. Se está nos limos, faz-se verde; se está na areia, faz-se branco; se está no lodo, faz-se pardo: e se está em alguma pedra, como mais ordinariamente costuma estar, faz-se da cor da mesma pedra. E daqui que sucede? Sucede que outro peixe, inocente da traição, vai passando desacautelado, e o salteador, que está de emboscada dentro do seu próprio engano, lança-lhe os braços de repente, e fá-lo prisioneiro. Fizera mais Judas? Não fizera mais, porque não fez tanto. Judas abraçou a Cristo, mas outros o prenderam; o polvo é o que abraça e mais o que prende. Judas com os braços fez o sinal, e o polvo dos próprios braços faz as cordas. Judas é verdade que foi traidor, mas com lanternas diante; traçou a traição às escuras, mas executou-a muito às claras. O polvo, escurecendo-se a si, tira a vista aos outros, e a primeira traição e roubo que faz, é a luz, para que não distinga as cores. Vê, peixe aleivoso e vil, qual é a tua maldade, pois Judas em tua comparação já é menos traidor!"